‘O menino e a flor’, ótimo livro para o Dia Internacional do Homem

Mão pegando copo com flor e menino olhando. O menino e a flor, página 9.

Ei, você sabia que o Brasil comemora o Dia Internacional do Homem em 15 de julho? Por isso, a data foi escolhida para lançamento do belíssimo e necessário O menino e a flor.

Dia Internacional… Brasil… meio confuso né? Afinal, no resto do mundo, é em 19 de novembro que são celebradas as contribuições dos homens para a sociedade e suas respectivas famílias.

Independentemente disso, no dia 15 de julho, o Grupo Editorial Lê realizou uma live simultânea às 19 horas, no Instagram e YouTube.

Participam desse encontro a escritora de O menino e a flor, Célia Cris Silva, e a ilustradora, Simone Matias. A apresentação foi de Clarisse Bruno, do Grupo Editorial Lê, e a mediação foi feita pela escritora Neusa Sorrenti.

Abaixo, veja como foi o encontro.

Qual é a história de O menino e a flor?

Esse é um livro ideal para mostrar que sensibilidade e delicadeza fazem parte da essência humana, não apenas do universo feminino.

O menino do título é uma criança que adora as pequenas coisas belas da vida. No entanto, o pai sempre o repreende, dizendo que ele deve “ser macho”. Com isso, ele passa anos sem cantar, dançar, pintar, colher flores…

… e sem sorrir.

Janela com pai segurando bebê no colo. O menino e a flor, página 18.

O tempo passa, o menino cresce e tem um filho. Agora adulto, ele trabalha o dia inteiro. Essa é uma forma deliberada de se afastar do filho e reprimir aqueles sentimentos adormecidos.

No entanto, o filho consegue romper esse ciclo vicioso. Assim, ele faz o protagonista reaprender a expressar o amor e desaprender o que o próprio pai havia lhe ensinado. Como? A resposta está em O menino e a flor!

Célia Cris Silva dedica O menino e a flor “a todos os meninos que tiveram de engolir o choro e se fazer fortes, mesmo sendo frágeis”.

A escritora conta que sua inspiração veio ao observar o estrago que adultos fazem na vida de muitas crianças. São inúmeros meninos e meninas impedidos de ser quem são na essência.

Sensibilidade também nas imagens do livro

Além de uma mensagem importante, O menino e a flor mostra delicadeza em suas imagens. Simone, a ilustradora, retratou com maestria o sentimento e a inocência presentes nos meninos que colhem as flores.

A artista se preocupou em mostrar os personagens não como maus, mas como pessoas que reproduziam o que aprendiam com seus pais.

Para ela, o texto escrito por Célia “não julga e não aponta dedos, mas diz como é e como pode ser”. Por sua vez, Célia, conta que chorou quando recebeu o trabalho feito por Simone sobre seu texto.

“O artista visual tem a capacidade de colocar em imagens aquilo que a gente sente e não percebe. A Simone é um desses presentes que a vida traz para a gente!”, elogia.

Conheça a escritora de O menino e a flor

Célia Cris Silva acredita que a literatura é capaz de empoderar, libertar e abrir portas. Mais do que isso, ela crê no poder curador das histórias. Assim, Célia afirma categoricamente, sem medo de exagerar:

“Ler é tão importante como respirar! A leitura ajuda a criança a nomear aquilo que vê e sente, principalmente porque vê nos personagens coisas que ela está sentindo e nem se dá conta.”

Ela compara a alegria, o frio no estômago e a palpitação da publicação de um livro seu com a de uma criança no dia do aniversário.

A escritora revela que, quando o livro chega, ela o alisa, cheira e abraça. Ela justifica: “é a realização de um sonho lá de trás. Agora ele não é só meu; ele vai para o mundo!”

Célia já ganhou um prêmio Jabuti, mas seu caminho também teve alguns percalços. Por exemplo, sua primeira publicação só veio 12 anos depois da história pronta.

Tudo por que ela exigiu que as personagens fossem retratadas como negras, algo que muitas editoras não entenderam na época. O tempo mostrou que Célia estava certa e Ana e Ana virou até animação.

Conheça a ilustradora de O menino e a flor

“Toda criança gosta de desenhar. A diferença é que eu nunca parei”, diz Simone Matias, que descobriu a vocação ao fazer um intercâmbio nos EUA.

Lá, ela trabalhou como babá e cuidou de três crianças que tinham o costume de ler antes de dormir.

Isso fez com que ela ficasse sonhando em desenhar e pintar pessoas, bichos e lugares para as histórias que lia. Foi o que ela fez logo que voltou para o Brasil.

Para a artista, além das atribuições técnicas, é importante que o ilustrador tenha uma “leitura da vida”. Ela explica que isso significa repertório, tanto externo como interno.

O interno diz respeito às vivências e experiências, além do exercício de reflexão, olhar para dentro e se conhecer.

Já o externo, “é linkar toda esse conhecimento e experiência interior com as coisas que a gente vê e conhece do mundo”. Isso envolve a ciência, a natureza e tudo ao redor.

Ela acredita que isso ajuda o ilustrador a ter vários ângulos de visão. Simone já ilustrou mais de 50 livros, e ministrou aulas de desenho e história da arte. Boa parte do seu trabalho pode ser conferido em seu site e Instagram.

Um esforço contra a masculinidade tóxica

Menino deitado, com flores. O menino e a flor, página 13.

Apesar de ser direcionada ao público infantil, O menino e a flor serve também para os adultos. Na verdade, todos aqueles que já foram reprimidos por algo que gostavam devem ler essa história.

Além de ser um convite para reviver essas vontades, ela é um alerta para que o leitor não seja como os pais retratados no livro.

Neste Dia Internacional do Homem, que tal ressignificar a masculinidade? Afinal, vivemos em plena época do crescimento do feminismo e da desconstrução de conceitos antigos.

Se você reconhece a importância de lutar contra o preconceitos quanto aos papéis de homens e mulheres, conheça O menino e a flor. Assista também à live de lançamento do livro!