‘Contos de Olófi’ traz versões da cultura africana para a origem do mundo

Olófi com a Terra nas mãos. Contos de Olófi, página 6.

Você reconhece o valor de obras inspiradas na arte e na cultura de matriz africana? Afinal, ainda hoje, muitas delas continuam sendo silenciadas ou invisibilizadas. Conheça agora o livro Contos de Olófi.

A antologia passa pelos signos culturais, textuais e pela simbologia africana, cumprindo, assim, um papel altamente relevante.

Cada conto apresenta uma versão delicada e instigante para a criação do mundo e das coisas que o constituem. Entre esses elementos estão o homem, a mulher, a morte, o vento, o mar e os sentimentos.

Tudo isso se traduz numa contextualização sobre o local que é o berço da humanidade. Com uma narrativa rica e fluente, Contos de Olófi mistura o conto tradicional, o folclore e a literatura pós-modernista contemporânea.

Afinal, quem ou o que é Olófi?

O texto de Contos de Olófi é cheio de termos da cultura africana, muitos deles desconhecidos para a maioria das pessoas. Para ajudar na inserção do leitor nesse universo, o livro conta com um riquíssimo glossário.

De acordo com esse glossário, Olófi é o O Criador de Tudo o Que Vive e Morre. Assim mesmo, com iniciais maiúsculas. Esse Deus da Terra não é alheio aos acontecimentos do mundo e nos conta os segredos de sua criação:

“Olófi é tão poderoso que fazer o mundo lhe pareceu fácil. Mas uma coisa é fazer algo, e outra, é conseguir que este algo funcione.”

Essas palavras estão no início da obra. O primeiro conto é Okún Aró, o que significa Mar Azul. No vídeo abaixo, confira uma contação de história baseada nele.

O livro aborda uma cultura que, muitas vezes, é marginalizada. Ao mesmo tempo, não traz uma narrativa enviesada. Seus temas são importantes e universais, indo além das questões religiosas, raciais, políticas e ideológicas.

Quem são os responsáveis pelo belíssimo Contos de Olófi?

O livro foi escrito por Teresa Cárdenas Angulo, uma mulher negra nascida em Matanzas. A cidade fica em Cuba, país que, assim como o Brasil, possui um enorme legado cultural africano.

Autora premiada, ela é uma das vozes mais relevantes da literatura infantojuvenil cubana. Além disso, é contadora de histórias, atriz, bailarina folclórica, roteirista de TV e trabalhadora social.

Seus romances e narrativas afro-cubanas para crianças e adolescentes já foram adotados em várias escolas pelo Brasil. Também foram publicados em países como Espanha, Estados Unidos, México, África do Sul e Inglaterra.

Sua escrita para crianças veio como uma forma de lidar com a frustração de encontrar poucas personagens pretas nas obras para esse público. Assim, decidiu criar a representatividade por conta própria.

As ilustrações que vemos na obra são realmente de tirar o fôlego! O responsável por elas é o belo-horizontino Rubem Filho. Formado em Artes Plásticas, ele é especializado em litografia e gravura em metal.

O texto em português ficou a cargo da tradutora e jornalista premiada Joana Angélica d’Ávila Melo. Nascida em Japaratuba, a sergipana é formada em Letras Neolatinas e Jornalismo, e especializada em Literatura Brasileira.

Leia Contos de Olófi na íntegra!

Contos de Olófi.

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