Literatura de cordel é um patrimônio da cultura brasileira. Saiba mais

Como você deve saber, a literatura de cordel é um dos símbolos do folclore brasileiro. No entanto, a importância do estilo vai além disso. A seguir, conheça a história e as características desse gênero riquíssimo.

Podemos dizer que essa é uma forma de resistência cultural. Afinal, ela preserva e fortalece a identidade e os costumes das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Ainda assim, sua popularidade se estende por todo o país, divulgando a cultura de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.

O que é literatura de cordel?

Também conhecida como poesia popular, a literatura de cordel é famosa por sua linguagem simples. A musicalidade do estilo vem das rimas e da métrica fixa dos versos.

Isso é algo que permite que as pessoas menos letradas não só entendam como também apreciem essa forma de arte. Além disso, o apelo popular é uma forma de incentivo à leitura.

Claro, a variedade de temas da literatura de cordel é capaz de cativar a todos. Até mesmo atores e atrizes norte-americanos já protagonizam algumas histórias.

A propósito, você conhece o Auto da Compadecida, não é? Pois saiba que, para escrever essa obra, Ariano Suassuna se baseou em personagens que já existiam no imaginário popular, por meio da literatura de cordel.

Os poetas de bancada ou de gabinete não só escrevem como também imprimem e distribuem os próprios cordéis.

Tradicionalmente, os folhetos com os poemas são ilustrados por xilogravuras. Nessa técnica de impressão, o texto e as imagens são esculpidos como se fossem carimbo. Depois, eles são prensados repetidamente sobre as páginas.

Foi a xilogravura que possibilitou que um mesmo desenho fosse impresso inúmeras vezes, de forma rápida.

Como o gênero surgiu no Brasil?

“Cordel” é como se chama “corda” em Portugal. Aliás, foi lá que essa forma de arte surgiu, entre os séculos XII e XIII.

Naquela época, os trovadores medievais cantavam poemas e contavam histórias para a população que, em boa parte, era analfabeta.

No período da Renascença, surgiram as prensas mecânicas, o que possibilitou a produção em larga escala, a baixo custo.

Com isso, as poesias e histórias passaram a ser impressas em papel e distribuídas. Até então, elas eram apenas cantadas. Os folhetos, expostos em cordas, ganharam a causalidade das ruas e se popularizaram.

Na época do Brasil Colônia, os portugueses trouxeram essa tradição. Ela se difundiu principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país.

Com o tempo, aqueles cordéis que vieram da Renascença europeia passaram a abordar temas mais identificados com a realidade nordestina.

Os principais responsáveis pela popularização do gênero no Brasil foram os repentistas. Ou seja, violeiros que cantavam as histórias rimadas pelas ruas da cidade (algo muito parecido com aquilo que os trovadores medievais faziam).

Boa parte das histórias eram escritas por poetas de bancada. Outras surgiam na forma de improviso e, mais tarde, eram transformadas em cordéis.

Cordel e viola – literatura popular em versos na formação de leitores.

Literatura de cordel é cultura!

Desde 2018, essa forma de arte é considerada um patrimônio cultural imaterial do Brasil. Você acredita que existe até mesmo uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel?

Entre os principais autores do gênero estão: Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, Cego Aderaldo, Arievaldo Viana Lima, Apolônio Alves dos Santos e Expedito Sebastião da Silva.

Se você pretende desenvolver trabalhos com literatura de cordel, precisa ler Cordel e viola – literatura popular em versos na formação de leitores. O livro, do cordelista e pesquisador Fábio Sombra, é um guia detalhado do gênero.