‘Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia’ e a viagem de Mário de Andrade

Mário de Andrade fez uma viagem pelas águas da Amazônia. Anotações dessa experiência estão reunidas em Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia – Diário poético de um turista aprendiz.

O livro é direcionado ao público infantojuvenil e totalmente ilustrado. O título é uma referência a Há uma gota de sangue em cada poema, primeira obra publicada por Mário de Andrade.

Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia será lançado na terça-feira, 18/1, às 19 horas. O botão abaixo te levará ao encontro on-line, via Zoom. Depois da inscrição, o link para o evento será enviado para o seu e-mail.

Que viagem é essa retratada em Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia?

O ano é 1927. Mario de Andrade tem 35 anos, já é um grande poeta e um escritor influente. Quem faz o convite para a viagem é sua amiga e incentivadora das artes Olívia Guedes Penteado.

Mário de Andrade fazendo as malas. Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia, pág. 4.

A princípio, ele fica relutante, mas logo se empolga. Afinal, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, dois grandes amigos e companheiros do modernismo, também querem ir.

Perto do dia do embarque, eles desistem, o que deixa Mário de Andrade desanimado. O poeta só não desiste também em respeito à sua amiga Olívia.

Assim, Dulce, filha de Tarsila do Amaral, Olívia, sua sobrinha Margarida e, claro, Mário de Andrade, partem rumo ao desconhecido. A navegação começa no Rio de Janeiro, vai pela costa brasileira e chega a Belém.

Depois, os viajantes passam pelos rios Amazonas, Negro, Solimões e Madeira. Eles conhecem a Bolívia e o Peru, e voltam ao Rio de Janeiro depois de três meses.

O turista aprendiz, obra de Mário de Andrade em que se baseia o livro

O livro é uma seleção de textos de O Turista Aprendiz – Viagem pelo Amazonas até o Peru, pelo Madeira até a Bolívia, e por Marajó até dizer chega.

Nele, o prosador, poeta, crítico de arte e musicólogo oferece sua visão das paisagens e costumes que encontrou. Com seu estilo singular, mistura realidade e ficção ao mostrar um Brasil que poucos conhecem.

Esses diários ainda contam com imagens ousadas, registradas pelo próprio poeta, em uma época em que a fotografia ainda engatinhava. Aqui, você encontra a íntegra dos textos, fotografias e algumas notas interessantes.

Mário de Andrade preparou a obra por muitos anos e a concluiu em 1943. Ainda assim, a primeira edição só ocorreu em 1976, 31 anos após sua morte.

Inicialmente, sua intenção era muito mais escrever um livro modernista do que viajar. O que se vê em O turista aprendiz são anotações…

“sem nenhuma intenção da obra-de-arte ainda, reservada pra elaborações futuras, nem com a menor intenção de dar a conhecer aos outros a terra viajada. E a elaboração definitiva nunca realizei… Agora reúno aqui tudo, como estava nos cadernos e papéis soltos, ora mais, ora menos escrito.”

Mário de Andrade, em O turista aprendiz

Quem é o responsável por Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia?

O autor Fernando A. Pires selecionou os textos e ilustrou Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia. Amante das “leituras difíceis”, ele conta que um dos seus maiores desafios foi Macunaíma, de Mário de Andrade.

Ele não conseguia “entrar” no livro, por mais que lesse críticas à obra e procurasse saber mais sobre o escritor. Isso aconteceu até que conheceu as divertidas cartas escritas por ele.

Uma que lhe chamou bastante a atenção foi uma de 1927, um ano antes da publicação de Macunaíma. Essa carta era endereçada a Manuel Bandeira e comunicava a tal viagem à Amazônia.

Na busca de pistas que o ajudassem a decifrar Macunaíma, Fernando A. Pires resolveu pesquisar se a viagem realmente tinha ocorrido ou não. Foi assim que chegou a O turista aprendiz. Depois, leu Macunaíma de novo e se divertiu.

Abaixo, confira a entrevista com Fernando A. Pires sobre Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia.

Fernando A. Pires escreve e é o responsável pelas imagens dos seus próprios livros (até o momento, são mais de vinte). Ele também ilustra obras de outros autores.

Seu livro Um conto por um guaraná foi finalista dos prêmios Guavira e Jabuti. Além disso, foi selecionado para o Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

Confira o lançamento de Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia

Capa do livro Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia.

Em Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia, recursos como pontuação, ortografia e sintaxe originais foram respeitados. Não à toa, a obra conta com um glossário de termos regionais e da época.

Dessa forma, é possível perceber a riqueza da escrita de Mário de Andrade.

Então, não perca o lançamento de Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia. Acompanhe o site da Lê diariamente. Aqui, você sempre terá um conteúdo que valoriza a literatura, a arte e o universo infantojuvenil.